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11 de nov. de 2011

BENEFÍCIOS DA CASTRAÇÃO


Artigos de especialistas em saúde e comportamento de cães e gatos

 

CASTRAR SIM... E QUANTO ANTES MELHOR!
 

Dra. Silvia Crusco e Claudia Pizzolatto*

     
Quem convive com cães sabe. De repente, lá pelos 8 meses de idade, o filhotinho brincalhão começa a ficar adulto. Ou seja, a ter atitudes como: ser possessivo, brigar com outros animais, marcar território com urina, montar em cães, pessoas da casa ou visitas sem a menor cerimônia, entre outras artes. Na fêmea, de repente, aparece o sangramento do cio e suas consequências, como sangue no tapete e a presença dos cães da vizinhança na porta de casa.


     O início da puberdade – que nada mais é do que o começo da produção dos hormônios sexuais – significa mudanças para sempre no organismo e no comportamento do cão, que podem ser o ponto de partida para problemas de relacionamento com o dono e o desenvolvimento de maus hábitos. 

     Por esse motivo, cada vez mais os comportamentalistas estão optando por recomendar a castração ... de preferência antes dos 8 meses de idade. 

     A ação dos hormônios sexuais dá início a comportamentos que podem continuar mesmo depois da castração, devido ao cão se acostumar a eles. 

     Do ponto de vista veterinário, a castração é o único meio de evitar a reprodução que previne, ao mesmo tempo, tumores no aparelho reprodutivo, muito comuns nos cães com idade madura e mais avançada. O problema resulta de um processo de multiplicação exagerada de células em órgãos do aparelho reprodutor, estimulado pelos hormônios sexuais. 

     Castrar a fêmea antes dos 6 meses também é recomendado. Nas cadelas que fazem a cirurgia depois entrar na puberdade, os casos de tumores na mama diminuem, mas não se tornam quase nulos, como acontece quando a castração é precoce.

     No Brasil, há veterinários castrando a partir dos 2 meses de idade, costume mais generalizado nos Estados Unidos. As técnicas cirúrgica e anestésica usadas em nosso país permitem realizar a castração precoce com grande segurança. É o caso da anestesia inalatória: o cão dorme sedado, inalando um gás anestésico por um tubo ou máscara. A cirurgia é feita rapidamente, com pequenas incisões - nos machos a operação dura apenas 20 minutos e 40 nas fêmeas, sem precisar de internação.

     Nos Estados Unidos, torna-se cada vez mais comum castrar filhotes com apenas 7 ou 8 semanas de vida, já que a recuperação da cirurgia é mais rápida. Elimina-se qualquer chance de gravidez precoce, e a tecnologia permite esse avanço. 

     Perde adeptos a opção pela castração com cerca de 1 ano de idade, para dar tempo de os hormônios sexuais agirem. 

     Não foram jamais provadas as teorias pelas quais essa estratégia estimularia a hipófise a produzir o hormônio do crescimento, a desenvolver a ossatura e o macho a ganhar massa muscular. 

     Pelo contrário, não é raro ver cães castrados mais desenvolvidos que seus irmãos de ninhada não-castrados.

    CORRIGINDO COMPORTAMENTOS


     A castração ajuda a corrigir comportamentos indesejados, é o que garante um estudo feito em cães machos pelo Veterinary Medical Teachiong Hospital, da Universidade da Califórnia em conjunto com o Small Animal Clinic, da Universidade de Michigan. 


     Bastou a cirurgia ser feita para, em grande parte dos casos, cessar o comportamento indesejado.

- Fugir – 94% dos casos foram resolvidos, 47% deles rapidamente.
- Montar – 67% dos casos foram resolvidos, 50% deles rapidamente.
- Demarcar território – 50% dos casos foram resolvidos, 20% deles rapidamente.
- Agredir outros machos – 63% dos casos foram resolvidos, 60% deles, rapidamente.
• Nos cães castrados, a agressividade por defesa territorial ou por medo não foram alteradas.
• Alguns cães ficaram mais calmos e mais carinhosos, mantendo maior proximidade física com os donos, e deixando de encarar qualquer movimento como provocação.

 CASTRAÇÃO PRECOCE 


COMPORTAMENTO E SAÚDE  --   APÓS 6 meses  - ANTES de 6 meses


Estabilidade de comportamento         --  Maior            -  Muito maior
Agressividade por disputa sexual      --  Menor           -  Muito menor
Brigas com outros cães                      --  Menos           -  Muito menos
Montar em outros cães ou pessoas   --  Menos           - Quase nulo
Demarcação de território com urina   -  Menos            - Quase nulo
Possessividade exagerada                 --  Menor            -  Muito menor
Tendência a engordar                         --   Alta                -  Mínima
Probabilidade de Tumor na Mama     --  Média             - Quase nula
Maturidade Emocional                        --  2 anos            -  2,5 anos
Fugas em busca de fêmeas                --  Menos            -  Nulas
Instinto territorial                                 --  Inalterado       -  Inalterado
Instinto de guarda                               --  Inalterado        -  Inalterado
Desenvolvimento físico                      --  Inalterado        -  Inalterado

(A comparação é feita tendo como base os cães não-castrados.)


IDÉIAS ERRADAS

     “Cão castrado é mais propenso a problemas de saúde.”

     FALSO: a probabilidade de pegar doenças não aumenta com a castração. Antes pelo contrário: a retirada de útero e dos ovários, ou testículos, acaba com a possibilidade de infecções e tumores nesses órgãos, e de complicações ligadas à gravidez e ao parto. Sem acasalamentos, as doenças sexualmente transmissíveis deixam de representar risco. Cai a incidência de tumores da mama.

     “Acasalar deixa o macho emocionalmente mais estável.”
      FALSO: dependendo das disputas, o acasalamento pode até causar instabilidade emocional.

     “A fêmea precisa ter crias para manter o equilíbrio emocional.”
      FALSO: não há relação entre os dois fatos. O equilíbrio emocional fica completo com a maturidade, que ocorre por volta dos 2 anos nos cães não castrados. Se uma cadela se mostrar mais calma e responsável depois da primeira ninhada, é porque amadureceu devido a ter avançado na idade e não porque se tornou mãe.

     “A falta de prática sexual causa sofrimento.”
      FALSO: o que leva o cão à iniciativa de acasalar e exclusivamente o instinto de procriar, e não o prazer nem a necessidade afetiva. O sofrimento pode atingir machos não castrados se vivem com fêmeas e não podem cruzar: ficam mais agitados, agressivos, não comem e perdem peso.
     “Castrar reduz a agressividade do cão de guarda.”

     FALSO: a agressividade necessária para a guarda é determinada pelos instintos territorial e de caça e pelo treinamento, sem ser alterada pela castração.

*Dra. Silvia Crusco, veterinária especializada em castração e Claudia Pizzolatto, treinadora especializada em comportamento canino. 
Artigo publicado na Revista Cães e Cia de janeiro de 2001

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CASTRAÇÃO: COMO ELA PODE PROPORCIONAR SAÚDE E BEM-ESTAR A CÃES E GATOS

Dra. Gisela Mechlin Wajsfeld, Médica Veterinária

     Sem dúvida falar em castração, à primeira vista, assusta... mas atualmente sabe-se que ela só traz vantagens para a saúde e bem estar de cães e gatos, machos e fêmeas.

     O animal sofre menos se for castrado, principalmente se a cirurgia for precoce (antes dos 6 meses de idade).

POR QUÊ?

     Há inúmeros trabalhos científicos veterinários que comprovam que machos e fêmeas, cães e gatos, castrados possuem uma maior expectativa de vida. Tal fato deve-se a vários motivos.

     A fêmea castrada antes do primeiro cio tem quase nula a chance de desenvolver tumores de mama quando tiver mais idade. O tumor de mama é o câncer mais comum, principalmente em cadelas idosas.

     Além disso, evita totalmente a possibilidade de tumores de ovário e útero, sem falar na piometra, infecção uterina que comumente afeta fêmeas em qualquer idade. Sabe-se que a castração realizada até o quarto cio, diminui as chances da cadela apresentar os tumores de mama ... por isso, quanto mais cedo melhor, porque o efeito da cirurgia, para este objetivo, diminui com a ação dos hormônios liberados nos cios.  


     Como se a prevenção de câncer não bastasse, temos também suprimidos todos aqueles sintomas de cio, como o sangramento, o inchaço da vulva, a gestação psicológica e a atração de machos pelas cachorras, além dos miados constantes, as tentativas de fuga e a inquietação típicos das gatas. É comum acontecerem acidentes a gatos e gatas que tem acesso à rua motivados pelo cio. 
     Para complementar ainda, a castração ajuda a prevenir o diabetes e não causa obesidade, que depende unicamente da alimentação e da atividade física do animal.
    
A castração na fêmea (OSH - ovário-salpingo-histerectomia) constitui-se na retirada dos 2 ovários e do útero, que é composto por 2 cornos uterinos e um colo, assumindo o formato de um Y. 
No macho são retirados os dois testículos (orquiectomia total), permanecendo a bolsa testicular. Em ambos os sexos a cirurgia, principalmente se realizada em animais jovens, é extremamente segura e não deixa o animal traumatizado.
     
No macho as vantagens também são inúmeras. 
 
     A castração previne totalmente a incidência de tumores testiculares e diminui consideravelmente o câncer de próstata, as hérnias perineais e a hipertrofia prostática, comum em machos idosos e frequente causa de infecções urinárias. Além disso torna o animal mais comportado, diminuindo as fugas e brigas, levando a uma menor incidência de infecções e atropelamentos. 

    O macho castrado não vai marcar tanto o território através da urina e não fica "montando", no caso dos cães, incessantemente na perna das pessoas e objetos da casa. O cão de guarda será ainda melhor, visto não se preocupar mais com cachorras no cio, concentrando sua atenção na casa e na família.
     No caso dos gatos, em especial, o fato de diminuírem as brigas e cruzamentos, incorre na prevenção da AIDS felina - que é transmitida pelo cruzamento e por mordidas e ainda não há vacina disponível. Observação: a AIDS felina é específica dos gatos e não é possível de ser transmitida ao homem de forma alguma, nem por mordidas, arranhões, lambidas ou contato com o sangue, urina, saliva e fezes.

    
     Por experiência própria e relatos dos proprietários, posso afirmar que os animais só mudam seus comportamentos para melhor depois da cirurgia. 

     O animal castrado não perde a sua personalidade, pelo contrário, sem estar mais sujeito às ações dos hormônios sexuais, torna-se mais calmo e sociável, podendo se dedicar mais às brincadeiras com os donos e outros animais. 

     O animal não tem mais sua circulação restringida durante o cio, ficando assim acessível o tempo todo, mais saudável, mais feliz e mais companheiro, por muito mais tempo. 

     Não há comprovação científica de que o animal tenha que cruzar para ser normal, para desenvolver sua personalidade (ou para prevenir doenças - que já vimos, é papel da castração).      
     Um animal que cruza agora não ficará satisfeito até o final de sua vida, tendo sua vontade renovada no próximo cio (ou motivada pelo cio das fêmeas da espécie – e machos sentem cheiro de fêmea no cio há quilômetros de distância!).

     Não há condições de cruzar a fêmea todo o cio ou o macho todo mês. Eles podem ficar mais calmos logo após o cruzamento, mas apenas temporariamente. Não há trabalhos comprovando que uma ou mais gestações venham a prevenir o câncer na fêmea... a castração sim. 
     Além disso, como podemos garantir que vamos conseguir arrumar bons lares para todos os filhotes gerados? Infelizmente, muitas pessoas não têm a responsabilidade de assumir um animal até o final de sua vida... 15 e até 20 anos.
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     Além de visar a saúde e o bem-estar do animal "particular", a castração é a solução para os animais "públicos", ou seja, aqueles que são abandonados pelos donos e ficam pelas ruas à mercê de suas próprias sortes... ou será "azares"?

     Gatos e cães são abandonados todos os dias... porque ficaram doentes, porque estão velhos, porque o dono não sabe lidar com eles ou simplesmente não os querem mais. Correm perigos, sentem fome, frio e medo, podem causar acidentes de trânsito. Em praças e parques públicos são abandonados ninhadas de filhotes recém-nascidos indesejados por seus donos.
     Os governos ainda promovem o sacrifício de cães e gatos como solução para o problema da superpopulação dessas espécies. Não promovem campanhas de castração e de educação para a guarda responsável; não fiscalizam o comércio ilegal - ações preconizadas pela OMS. Não existe habitat natural e nem lares suficientes para tantos cães e gatos. 

     Por todos os motivos citados e por respeito à vida de todos os cães e gatos, com ou sem lar, a castração é, acima de tudo, um ato de amor!

- *Dra. Gisela Mechlin Wajsfeld é Médica Veterinária - CRMV-SP 7250.

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Veja relação de veterinários e locais onde castrar gratuitamente acessando www.gatoVerde.com.br

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